quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Rimas

Quero a e b
A e b
Para a primeira estrofe
Que, nessa, não existe.

Logo depois
Novamente a e b,
mais um a e b
Que também, nessa, não existe.

[Nota do autor:]
Não sei fazer nada que seja
Realmente um soneto.

No fim evidente, faltaria o
A, b, a
Do beabá.

Nícholas Osório Mendes. (Puck Todd)

sábado, 26 de dezembro de 2009

8 versos de sonho outros tantos de verdade

Ontem eu visitei a lua
E ela estava tão serena...
Pegou-me no colo com carinho
E me abraçou, olhou-me nos olhos.

Nesse sonho pensei em ti
Queria teu corpo,
Queria, em mim, o teu cheiro
Queria, para mi, o teu olhar.

Ontem eu visitei a lua,
Era cheia, estava serena...
E você estava lá, deitada, vestida de vermelho,
Iluminada pela luz e estrelas.

Quis teus lábrios e abraços
Quis teus beijos e braços,
Ainda mais que isso;
Quis tua alma à minha.

Nícholas Osório Mendes. (Puck Todd)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Feliz dezessete anos.

As lágrimas cansaram de escorrer,
Agora eu choro seco
As palavras que escrevo
E as cenas que mal atuo.

As minhas lágrimas cansaram ou fugiram,
Não percebi,
Estava demais ocupado com toda a ópera sem sentido,
Defunto que assombra meus dias felizes.
(Vulgo depressão.)

Nícholas Osório Mendes. (Puck Todd)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Aquela madrugada.

Unica coisa que me resta
É essa madrugada tediosa.
Por céus, que tragédia,
Não hei de ser útil a nada.

Ao meu lado, não muitos;
Resta-me essa coca-cola quente,
Alguns biscoitos sem gosto
E as malditas Leis de Newton.

Me masturbaria longe desse quarto;
Talvez São paulo ou mais longe,
Onde as moças falam inglês, francês,
[italiano, espanhol, russo ou até suéco.

Basta-me que saia daqui,
Para onde eu tenha minha Capitu...(acorda)
(Realidade) Abram as cortinas e comecem
[esse maldito tango argentino.

Nícholas Osório Mendes. (Puck Todd)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

'Moços' do Rio de Janeiro.

O lixo que eu remechia,
Que cheirava e comia,
Tinha tato de ouro,
Uma luz focal e um coro.

Leblon,
Todo lixo lá é bom.
Restos de Ipanema,
A variedade de lá é um dilema.

Não sou nenhum rato
Nem espécime de gato
Melhor seria, mais um furo do sapato.

Não somos como humanos,
Não sei se faço anos,
Para tantos, somos ratazanos.

Nícholas Osório Mendes. (Puck Todd)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Desejo infantil e humano

Bumba meu boi,
Bumba mais que São Paulo e o Rio de Janeiro!
Bumba meu boi, essas 'vidas',
Com dinamites explosivas!
Bumba a prisão e as favelas
Bumba todos os vícios e roubos
Bumba a mão desse Homem,
Bumba aquele Olho que julga
Bumba, meu boi, esse Dedo que escolhe!
Bumba as religiões
Bumba toda droga excessiva!
Bumba os ignorantes, os 'cegos', os 'surdos'...
Bumba os mortos-vivos viciados!
Bumba meu boi!
Ouve essa criança!

Nícholas Mendes. (Puck Todd)

domingo, 1 de novembro de 2009

Histobotânicologia

Sei que sou menos comum
Por ser assim, mais complexo
Como angiosperma que sou,
Mais completo e glamuroso.

Por meus vasos multifacetados de floema
Passam pensamentos mais bem elaborados
E pela tua organização gimnosperma,
Por entre vasos de xilema, apenas águas e sais minerais.

Teus tecidos principais
São em maioria meristemas
Fazendo de ti um alguém indiferente.

Pelo teu corpo se espalham espinhos
Pelo meu, os mais sutis acúleos.
E em comum, abrigamos passarinhos, nós dois.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Acontecia no presente.

Lembra-te
Que os magos diziam aos teus reis:
"Ande, levante, bota tua coroa real
E governa sozinho o teu reino."

E que o conselheiro,
Que desgostava as palavras,
Murmurava aos ouvidos reais
Ser culpa daqueles, as secas e chuvas abundantes.

E também lembra que o rei, leão,
Levantava, apontava e gritava ao reino:
"Cortem-lhes as cabeças!"

E ainda não se esqueça
Que os magos morriam, o conselheiro ria,
O rei já dormia e o povo em alegria.

Nícholas Mendes. (Puck Todd)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O invisível universal.

Sou poeta e não sei se amo.

Talvez ame; talvez odeie
Cada flor e toda estrela desse mundo.

Talvez toda a paixão delirante
Que nós, mortais, nomeamos amor,
Esteja diante da minha face
Em forma de vermelho berrante

Desse modo eu só o pré-sinto
Sem vê-lo, nem ouvi-lo
Ou tocá-lo, ou degustá-lo...
Demais, sem cheiro também.
Como tudo o que há nessa imensidão
Formado de átomos
Que o homem não vê.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Diante do tanque, distante.



Deuses de ferro, que rodavam pelo campo,
Ao acaso escolhiam os teus sacrifícios.
Foram noites em que chuvas de chumbo
Separavam dos nosssos corpos, as almas.

Os crepúsculos eram mais dias
Que os própios dias raiados pelas manhas.
Era como se no campo de rio vermelho
Brilhassem infinitamente três ou quatro sóis.

Rugido sincronizados e ferrosos;
Gritos brilhantes e estrondosos;
Ao lado
[tropas que sussurravam metralhadoras.


E longe dali, lá adiante
Frente a mesas, papéis, assinaturas...
Nossos Pais comandavam o país.

Nícholas Mendes. (Puck Todd)

sábado, 17 de outubro de 2009

Como o grito do Ipiranga,

Sou a mentira
Que tem perna curta;
Como o pirata
Que tem a perna de pau.
Sou a faca sólida
Que fura um coração invisível.
Sou a estrada perdida
Rumo ao nada.
Agora sou impulso,
Sou hormônio.
Quero bater asas
Voar rumo aos horizontes,
Mergulhar aos poucos
No universo paralelo de liberdade.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sou metade loucura, e o resto é poeira.

Sei que eu encararia
Grandes situações
Para poder ter-te novamente
Nos sonhos ou na vida.

Enfrentaria os grandes titãs,
Brigaria contra os deuses do Olimpo
E também os do inferno,
Só pra ter-te ao meu lado bem.

Gritaria os mais altos berros,
Falaria de mansinho os mais
[baixos sussuros,
E me calaria no mais quieto dos silêncios;
Se eu pudesse ter esses teus olhos
[do meu lado para sempre.

Agora pisemos no chão.
Olhe para mim,
Sou poeta ciumento e sonhador
Que eu posso querer,
Se não só ter você.

Olhe para mim,
Sou metade silêncio
E metade briga
Sou metade grito
E metade alegria
Sou metade lágria
Metade casa
Metade filme mais pipoca.

Sou eu assim,
Metade dramático
Outra metade pé na vida
Sou um tanto livros e poemas
Outro tanto beijos e abraços.
Sou metade sonho
Outra parte sou verdade
Sou metade amor
Outro pouco ódio
Sou também metade vida
Pouca parte sou a morte.

Sou metade gargalhada
Outra metade estranho esquisito
Sou metade agitado
Outra parte um sono profundo
Sou metade ansioso
Outro tanto calmo e em paz.
Sou um tanto sexo
Outra metade lirismo.
Sou metade teatro
Outras partes novela
Sou metade Quintana
Outro tanto Drummond de Andrade
Sou metade Augusto do Anjos
Outra parte sou Azevedo.

Sou metade preto e branco
E outra parte,
Quando estou com você,
É um inteiro.

É apenas um rio vermelho
Que passa bem rápido
Nos ponteiros do tempo.
Esse é um inteiro vermelho vivo
Que trapaceia as regras do relógio.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

sábado, 3 de outubro de 2009

Dupla raiz insólida, vulgo problema

Tragado sozinho
No universo folhado
Sem teus abraços
Nem teus beijos.

Tragado pelas fumaças
Do universo da raiz...
Há as palavras distantes
Não tem carinho, nem sono...

Trazido pra cá
Nesse universo lírico
Eu apenas canto canções

Tragado e trazido...
A raiz ao céu
Eu tanto adoro, que eu tanto adoro.

Nícholas Mendes. (Puck Todd)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Reflexos de uma noite.

Choro triste, em tinta,
As lágrimas que ontem eu guardei.
Matei, nessa madrugada,
Aquele novo poeta.
Que fique o velho, que reine o velho.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Quarta estação.



Tão doce e vistosa
Perfumada e bem vestida.
São formosos são teus campos
Oh! florida Clementina.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Cavalgar na poesia,

Quero ser poeta
E divagar devagar.
Quero poder, viver e ser;
Divagar e divagar...
... ... ...
Vamos, pensamento passarinho,
Passa devagar, devagarinho.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

domingo, 30 de agosto de 2009

Uma mão.

Vejo minha mão...
Uma mão ímpar
Gélida e solitária
Temos uma mão só.

Não há para ela
Uma outra, macia.
Ela se abre por total
Sem nenhuma resposta.

A mão da moça,
Leve e macia
como nuvens claras,
não reage.

Aquela pequena
Apenas brincava só
Com os pés e chinelos,
Sem mãos.

Minha mão fria
sem um par quente.
Não engana-me,
Mão na luva não esquenta.

Sobra-te mão
Essa caneta que seguras
Sobra-te chorar nesse papel
As tintas desse poema.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

sábado, 29 de agosto de 2009

Dedos nus.

Havia um poeta...
Um poeta que não fazia poemas,
Não montava versos e nem rimas.
Havia um poeta...
Um poeta que tocava piano.

Havia um poeta...
Um poeta que amava
Tocava sinfonias para sua amada.
Havia um poeta...
Um poeta que morria de amor.

Padecia doente e solitário,
Seu olhar varava o vento,
Suas lágrimas caíam frias
Nas mãos gélidas de sua falecida.
Havia um poeta melancólico.

Havia um poeta que desfalecia
Instalou-se nele um câncer.
Tragava teus cigarros de tabaco,
Dedilhava lentamente o teu piano,
Aspirava e expirava fixas lembranças.

Havia um poeta...
E nele a morte cutucava as entranhas
Sem matá-lo.
Houve um poeta...
Um que amou e viveu morto.

Nícholas Mendes. (Puck Todd)


Agradecimentos: Fernando (Kross)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Mito

Maldito seja o ditador
Que um dia gritou aos quatro ventos
Que se deve ser um tanto idoso
Para produzir alguns versos estupendos.

Pobre...
Talvez fosse um Sábio
Que se despedia de uma flor;
Pobre...

Antes fosse diferente...
Fosse uma Criança feliz e inocente
Que amou à um outro coração;
Antes fosse...

Nícholas Mendes (Puck Todd)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Raiz ao problema

Existe um fungo
E ele me perturba a alma.
Me faz sentir...Algo.
Existe um fungo dentro de mim
Ele me destrói
Ele também me faz lutar.
Se enRaiza dentro de mim
Como rosas de um canteiro.
Esse fungo já está cravado
E bem plantado
No meu lado esquerdo do peito.
Desse fungo eu bem cuido,
Com carinho e adubo,
Pois ele já se enRaiza dentro de mim.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Começo, meio e muito depois.

No começo tudo é muito!
Tão pouco é tudo; muito...
Agora, muito é pouco.
Muito é tudo, tão pouco...
Será tudo muito pouco?
Muito pouco, tudo, quase nada...?

Nícholas Mendes. (Puck Todd)

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Derrepente é tristeza

São meros fatos científicos,
Sem magia e sem fantasia.
São meros acontecimentos;
Causam dores e nostalgia.

Oh! Céu dos poetas chorosos,
Abram tuas portas e caminhos.
Seremos talvez alguém, deixe-nos.

Anjos mortais que ficam
Peço que minha falta não sintam
Irei sem mais demoras. Não insistam.

Resta-me como desejo principal,
Drogas, prostitutas e bebidas.
Fico-me corroendo nesse ritual,
Deixe-me sofrer com minhas últimas ressacas

Nícholas Mendes (Puck Todd)

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Mal estar.

Saiam Bruxas e choros
Batam em partida para longe;
Deixem-me quieta nesse escuro
Partam para um horizonte mais longíncuo.

Que importa se eu choro?
Sou muito mais do que resistente.
Que vos interessa se eu sinto dor?
Posso suportar punhaladas ainda piores.

Saia Pequeno, deixe-me
Coloque-se em partida também
Não engula, tu, as minhas agonias.

E tu, meu corpo que sofre
Estire-se nessa cama e descanse,
Deixe-me quieta essa madrugada.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A voz.

Oh! Poeta, como és tolo!
Tu entregas as tuas palavras à todos,
Revelas os teus segredos à qualquer um.
Tu ofereces esmolas generosas à qualquer coitado.

Ande, poeta, ande!
Fure o vento e tampe os ouvidos.
Recolha as pedras e as armas
E mata esses barões dissimulados.

Guarde os teus mistérios;
Conserve em pequenas caixas espalhadas,
Tranque-os por entre mil chaves incopiáveis.

Vai, poeta! Vai e sopra aos mares tuas cacholas,
Empurre morro abaixo esses vigaristas,
Sejas tu mesmo. Sejas, tu, o poeta desse mundo.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Beaux yeux ravis

Deixe-me ver os seus olhos.
Pelo tempo que me for necessário,
Deixe-me fitá-los;
Esses olhos predativos.

Deixe-me sentir esse veneno que corrói,
Essa saudade que me destrói.
Deixe-me passar por essa vontade,
Para que eu tenha os teus olhos à vontade.

Deixe-me querer esses olhos,
Sem piedade,
Me encare desse modo.

Que eu passe medo, fome e frio!
Deixe que eu busque,
Mesmo que eu passe por desconfortos agradáveis.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Poesia crua.

O sentimento de poeta é frágil,
Tão delicado quanto a mais sutil das rosas.
Deve permanecer intacto, puro,
Eterno, completo e compreendido.

O poeta planta prazer,
Planta até mesmo sem saber,
Tanto faz a cor da flor.
O poeta planta um prazer prazeroso.

A agonia da dor, do amor;
A angústia do medo e do fim;
São todas ansiedades venenosas.

Então a última pétala cai,
Sempre com a mesma velocidade
Que a primeira lágrima escorrega.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Diário de favela.

Eu quero que você se sinta mal,
Pois é assim que eu me sinto bem.

Eu não vim pra me explicar,
Eu vim roubar e fugir.

Vocês são gente,
Mas não são gente como agente.
Ceis são gente!

Eu sou completamente louco;
Mais um louco inconsciente.

Me diz então, o que na vida eu posso ser?
Como eu posso crescer, sem usar desse sistema?

Me diz então, o que na vida eu posso ser?
Eu tenho fé na bala pra resolver qualquer problema.

Eu sou completamente louco;
Mais um louco inconciente.

Nícholas Mendes. (Puck Todd)

domingo, 28 de junho de 2009

Acasos desnecessários.

Se um dia, por acaso, eu te deixar
Prometa que vai me seguarar,
Que vai cravar suas unhas em minhas costas,
Que vai me prender e amordaçar
E assim me fazer ficar.

Se um dia eu te desviar um olhar
Prometa-me que vai buscá-lo,
Que vai caçá-lo e persegui-lom
Que vai conquistá-lo novamente
E assim me fazer te olhar nos olhos.

Se um dia, por acaso, eu te negar um beijo
Prometa-me que vai juntar os nossos lábios,
Que vai fazer de tudo para ter o meu sorriso,
Que, se tudo for em vão, você irá forçá-lo,
Apenas para ter a sua boca junto à minha.

Se um dia eu te negar um abraço ou um aperto de mão
Prometa-me que não vai fazer nada,
Que vai apenas buscá-lo com carinho
E assim me ter por eterno.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Um suplício.

Vossos olhos são mais belos,
São bonitos e formosos;
Teu olhar é instintivo,
Um olhar quieto e pensativo.

Vossos peitos mais honrosos
São bonitos e pomposos;
Teu sorriso formulado
Dá um começo ao acabado.

És já um ser completo
De sorriso bom e muito esbelto.
És dona dos momentos que triunfam.

Teus detalhes, talvez só confundam;
O pensamento, que tortura,
Faz de minha vida uma rasura.

Nícholas Mendes. (Puck Todd)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Medo!

Diga-me uma coisa:
Se eu me for,
Com um gole de álcool,
Hão de sentir minha falta
Ou hão de debochar da minha cara?

Talvez a morte
Faça parar o meu coração;
Talvez minha angústia solitária
Faça-o bater desesperado.

Se eu me envenenar,
Com um trago de fumo,
Hão de chorar no meu caixão
Ou hão de me enterrar de corpo nu?

Talvez meu abandono
Seja um destino imutável;
Talvez as dúvidas
Sejam as guilhotinas que me ameaçam.

E se minha vida acabar,
Nas festas dos amigos,
Hão de se lembrar da minha ausência
Ou hão de me esquecer morta?

Essa é a chama que mata,
É a praga que prega,
É o fumo que fuça,
É a bebida que alucina,
Minha alma.

A sensação que me arrepia,
Tão pouco me alivia.
Esse temor do mundo e do nada
Corrói o que eu chamo de vida.

É medo de estar sozinha,
De estar morta,
No escuro,
Sem saída,
Sozinha...

Nícholas Mendes (Puck Todd)

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Já na idade.

Três tigres tragaram tristes os seus cigarros,
Travaram trabalhos traçados e decorados.

Sabiam da morte e da solidão,
Conheciam o ser jovem e o coração.

Eram três tigres travados e tristes;
Três tigres, de bengala, trancados na velhice.

Nícholas Mendes. (Puck Todd)

terça-feira, 28 de abril de 2009

Promessas por promessas.

Se eu te der um mol de abraços
Você promete retribuir
Com beijos e abraços,
Uns apertos e amassos,
Promete me dar amor?

Se eu te der um mol dos meus beijos
Você promete retribuir
Com os seus abraços,
Seus apertos e amassos,
Promete não mais mentir?

Se eu quiser te ter por perto,
Prometa-me aparecer;
Se eu quiser te dar uns beijos,
prometa não negar.

Me dê um mol de abraços
E eu prometo te retribuir
Com beijos e abraços,
Uns apertos e amassos.
Prometo te dar amor.

Se quiser me ter por perto,
Prometo-te aparecer;
Se quiser me dar uns beijos,
Prometo não negar.

Me dê um mol de seus beijos
E eu prometo te retribuir
Com os meus abraços,
Meus apertos e amassos,
Prometo não mais mentir.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

domingo, 12 de abril de 2009

Pós vida.

Tua quimera alterada,
Que enterra tudo o que vive,
Finalmente morreu,
Depois de matar o que aqui havia.

Agora tua impura alma,
Que atacava e guardava,
Finalmente esconde a cara
E passa apenas a me conquistar.

Não reclamo se morri,
Tão pouco por tua alma,
Se vivo agora noutro plano.

Sinto alegria em sonhar,
Com tua alva pele noturna,
E saber que és minha dama única.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

terça-feira, 31 de março de 2009

Poeta é poeta e ponto.

Poeta é humano.
Sente fome e é fraco.
Poeta vive.
Também sofre e supera.

Poeta é cavaleiro de coração ambulante,
Que grava tua vida redundante
Em alguns versos dos seus poemas,
Nas frágeis páginas abertas.

Poeta verdadeiro luta com a pena,
Ou com o lápis ou caneta,
Sofre com o amor que ama
E segue teu caminho vital.

Poeta não é anjo,
Ele peca.
Poeta não é puro,
Tão pouco só feliz,
Ele também mente.

Não é deprecivo
Ou melancólico,
Poeta é poesia,
Poeta é poeta.

É animal, é homem,
Tem rotina e mata.
Poeta não é E.T.
É apenas esquisito.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

quarta-feira, 18 de março de 2009

La vie de bohème

Não tenho mais teus abraços capitosos
Nem os olharem assassinos,
Tão pouco sinto teu cheiro venenoso
Nesses dias que repassam.

Não tenho mais os gozos das manhas,
Os fogos das tardes,
Nem ao menos as canções eróticas e noturnas;
Meus braços vazios agora dormem quietos.

Não mais me alucino com bebidas,
Nem rio com teus gritos hilários de criança.
Não cuido e nem vigio, não vivo, apenas lembro.

A vida boêmia se foi, acabou,
Vejo-te agora em dias soltos e marcados...
Oh! Droga de infames dias normais.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Mol em poesia

Te daria, abertamente, um mol de beijos.
Imagine, seriam 6x10²³ beijos.
Daria, com certeza e alegria, todos esse beijos
Se você prometesse não se enjoar desse meu mol de beijos.

Seria criança alegre,
Seria adulto, se preciso,
Seria sábio como idoso
Em troca do teu mol de beijos.

Ao invés de beijos
Aceitaria como troca mols de abraços,
Mols de prazeres ou surpresas.

Só não dê-me outros mals,
Mols de lágrimas ou soluços;
Motivos para reviver meus mols de morte.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

semelhanças inversas.

Tudo é
Escuro, escuro...
Escuro e quente.

Derrepente tudo era.
Vejo a luz sinto o frio,
Ouço meus próprios choros.

Sinto fome.
Quando me percebi
Estava corrompido.

Passo a temer um fim.
Um fim tão semelhante,
E tão singular.

Tudo fica,
Escuro, escuro...
Escuro e frio.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A curiosa vida de Amélia.

Assim era Amélia:
Era bela e intelectual,
Porém falava demais,
Porém era formosa e admirável,
Admirável de longe ou calada.

Não me atrevia a julgá-la,
Julgá-la em palavras, mas em pensamentos...hum...
Era também chorosa e gritona.

Eu sempre fora cavalheiro,
Ela é que não era dama,
Se achava, podia.
Amélia era bela e intelectual.

O tempo passou e a beleza se foi.
Estávamos juntos, porém eu não estáva feliz;
Amélia é que estava e eu é que não a aguentava

A beleza decrecia,
A chatice e a faladeira cresciam em exponencial,
Alguém tinha que morrer, de preferência Amélia.

Minto.A beleza e a formosura permaneceram, perante as outras.
Até mesmo quando queimava, gritava e morria...
Eram agonias tão chatas quanto ela.

Mesmo depois de ir embora
Amélia me fazia mal.
Era feliz, ainda.
Vivendo como carbono no efeito estufa,
Me atormenta como fizera a vida toda.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Anatomias

Por que lúcifer não poderia casar-se com Maria?
Seria isso algum tipo de pecado?
Por qual regra não se casam os anjos e os demônios
Se o amor casa tão bem com a dor?

Por que a trapaça não é digna da honra
Se a honra por si só é uma trapaça?
Chuva e sol formam o arco-íris,
Vejo quão é bela tal junção.

Por que raios cães e gatos não se cruzam,
Céu e inferno não se juntam
Se o amor casa tão bem com a dor?

Por que lei os sonhos não acontecem na realidade
Se são sonhados de verdade?
Esqueçamos todos esses desenhos mal feitos.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

VI-Abraço

Além de tudo
Transformo também, em poesia,
Aquele teu carinhoso abraço.

Não sei o tempo que gastamos
Nos abraçando gentilmente;
Talvez apenas os relógios com ofícios divinos
Tenham marcado aqueles segundos infinitos.

Se isto vos parecer mentira,
Desconfiado leitor,
É que nunca trançastes os braços
No corpo feito de uma humana tão bela.

Se ainda teima em duvidar,
Meu caro leitor curioso,
Ai sim eu te digo
O que aqueles abraços me foram
E me fizeram.

Senti-me como criança mimada
Enquanto durava aquele aperto eterno.
E aquela sua droga de abraço viciou-me.
Por mais que eu me quisesse lúcido.

Deixarei assim,
Nomeado o teu abraço,
Abraço de droga.

Não se desgaste também,
Leitor precoce,
Procurando em vão vícios perdidos,
Tais amores só nos aparecem com o tempo.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

V-mãos

Venho falar, também,
Das tuas mãos.
Mãos, assim, diferentes.

Não se desanime,
Meu caro leitor,
Com a minha tosca definição.
O poema ainda tem sua prorrogação.

Afinal,
Mãos especiais
Não se define com pressa.

Tuas mãos são assim,
Quentes quando querem
E frias quando se abalam.

Tão vividas e experientes,
Junto com a idade avançada.
Mas também indecisas
E, confesso, um tanto perdidas.

Enfim, como transcrever,
Para esse infame poema,
Toda a beleza e paixão
Que essas mãos me passaram?

Se por acaso
Rir dessa minha incerteza,
Hilário leitor,
É porque nunca pegastes
Nas mãos estranhas
Da beleza em pessoa.

Mas definirei,
Da minha melhor maneira,
As tuas mãos.

São mãos assim,
De gente adulta e incerta.
Verdadeiras mãos frágeis,
Espertas e cuidadosas.

Deixe assim,
Mãos de infinidade.
Em honra das várias ambigüidades.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

domingo, 4 de janeiro de 2009

IV-Face

Lembro-me também
Da tua face pálida.
Marcou-me a memória.

Defini-la?
Difícil.
Faltam-me palavras,
Figuras e expressões.

Por isso não dê risadas,
Sarcástico leitor,
Definir em palavras
O que me foi aquela face de anjo
Não é tarefa fácil.

Indefinição dos poetas amadores.
Traga-me uma descrição exata
Daquela face descorada e sorridente.

Ao menos um nome,
Suave e singular,
Que nos traga conforto poético.

Face gélida?
Não, não.
Grosseiro demais
Para a face de uma dama tão bela.

Está bem assim,
Pálida, singular, suave e poética
Face de neve.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

Notas do autor:

Coloquemos uma coisa na nossa cabeça;
Que ainda falta muito para um final.
Afinal ninguém define um final
Sem se empenhar no começo.

O final não é sinônimo de morte,
Não é antítese de início,
Não se compara com a vida
E não significa própriamente um final.

Se por acaso seu começo é fraco
E ainda teme um final,
Simples
Viva sempre no meio;
Pois é ai que você pensa que o livro não tem fim.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

Tudo é mais do que pode parecer:

Tudo é mais do que pode parecer:
Veja as coisas com todos os olhos.