quarta-feira, 29 de julho de 2009

Mal estar.

Saiam Bruxas e choros
Batam em partida para longe;
Deixem-me quieta nesse escuro
Partam para um horizonte mais longíncuo.

Que importa se eu choro?
Sou muito mais do que resistente.
Que vos interessa se eu sinto dor?
Posso suportar punhaladas ainda piores.

Saia Pequeno, deixe-me
Coloque-se em partida também
Não engula, tu, as minhas agonias.

E tu, meu corpo que sofre
Estire-se nessa cama e descanse,
Deixe-me quieta essa madrugada.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A voz.

Oh! Poeta, como és tolo!
Tu entregas as tuas palavras à todos,
Revelas os teus segredos à qualquer um.
Tu ofereces esmolas generosas à qualquer coitado.

Ande, poeta, ande!
Fure o vento e tampe os ouvidos.
Recolha as pedras e as armas
E mata esses barões dissimulados.

Guarde os teus mistérios;
Conserve em pequenas caixas espalhadas,
Tranque-os por entre mil chaves incopiáveis.

Vai, poeta! Vai e sopra aos mares tuas cacholas,
Empurre morro abaixo esses vigaristas,
Sejas tu mesmo. Sejas, tu, o poeta desse mundo.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Beaux yeux ravis

Deixe-me ver os seus olhos.
Pelo tempo que me for necessário,
Deixe-me fitá-los;
Esses olhos predativos.

Deixe-me sentir esse veneno que corrói,
Essa saudade que me destrói.
Deixe-me passar por essa vontade,
Para que eu tenha os teus olhos à vontade.

Deixe-me querer esses olhos,
Sem piedade,
Me encare desse modo.

Que eu passe medo, fome e frio!
Deixe que eu busque,
Mesmo que eu passe por desconfortos agradáveis.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Poesia crua.

O sentimento de poeta é frágil,
Tão delicado quanto a mais sutil das rosas.
Deve permanecer intacto, puro,
Eterno, completo e compreendido.

O poeta planta prazer,
Planta até mesmo sem saber,
Tanto faz a cor da flor.
O poeta planta um prazer prazeroso.

A agonia da dor, do amor;
A angústia do medo e do fim;
São todas ansiedades venenosas.

Então a última pétala cai,
Sempre com a mesma velocidade
Que a primeira lágrima escorrega.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Diário de favela.

Eu quero que você se sinta mal,
Pois é assim que eu me sinto bem.

Eu não vim pra me explicar,
Eu vim roubar e fugir.

Vocês são gente,
Mas não são gente como agente.
Ceis são gente!

Eu sou completamente louco;
Mais um louco inconsciente.

Me diz então, o que na vida eu posso ser?
Como eu posso crescer, sem usar desse sistema?

Me diz então, o que na vida eu posso ser?
Eu tenho fé na bala pra resolver qualquer problema.

Eu sou completamente louco;
Mais um louco inconciente.

Nícholas Mendes. (Puck Todd)

Notas do autor:

Coloquemos uma coisa na nossa cabeça;
Que ainda falta muito para um final.
Afinal ninguém define um final
Sem se empenhar no começo.

O final não é sinônimo de morte,
Não é antítese de início,
Não se compara com a vida
E não significa própriamente um final.

Se por acaso seu começo é fraco
E ainda teme um final,
Simples
Viva sempre no meio;
Pois é ai que você pensa que o livro não tem fim.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

Tudo é mais do que pode parecer:

Tudo é mais do que pode parecer:
Veja as coisas com todos os olhos.