quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Acontecia no presente.

Lembra-te
Que os magos diziam aos teus reis:
"Ande, levante, bota tua coroa real
E governa sozinho o teu reino."

E que o conselheiro,
Que desgostava as palavras,
Murmurava aos ouvidos reais
Ser culpa daqueles, as secas e chuvas abundantes.

E também lembra que o rei, leão,
Levantava, apontava e gritava ao reino:
"Cortem-lhes as cabeças!"

E ainda não se esqueça
Que os magos morriam, o conselheiro ria,
O rei já dormia e o povo em alegria.

Nícholas Mendes. (Puck Todd)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O invisível universal.

Sou poeta e não sei se amo.

Talvez ame; talvez odeie
Cada flor e toda estrela desse mundo.

Talvez toda a paixão delirante
Que nós, mortais, nomeamos amor,
Esteja diante da minha face
Em forma de vermelho berrante

Desse modo eu só o pré-sinto
Sem vê-lo, nem ouvi-lo
Ou tocá-lo, ou degustá-lo...
Demais, sem cheiro também.
Como tudo o que há nessa imensidão
Formado de átomos
Que o homem não vê.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Diante do tanque, distante.



Deuses de ferro, que rodavam pelo campo,
Ao acaso escolhiam os teus sacrifícios.
Foram noites em que chuvas de chumbo
Separavam dos nosssos corpos, as almas.

Os crepúsculos eram mais dias
Que os própios dias raiados pelas manhas.
Era como se no campo de rio vermelho
Brilhassem infinitamente três ou quatro sóis.

Rugido sincronizados e ferrosos;
Gritos brilhantes e estrondosos;
Ao lado
[tropas que sussurravam metralhadoras.


E longe dali, lá adiante
Frente a mesas, papéis, assinaturas...
Nossos Pais comandavam o país.

Nícholas Mendes. (Puck Todd)

sábado, 17 de outubro de 2009

Como o grito do Ipiranga,

Sou a mentira
Que tem perna curta;
Como o pirata
Que tem a perna de pau.
Sou a faca sólida
Que fura um coração invisível.
Sou a estrada perdida
Rumo ao nada.
Agora sou impulso,
Sou hormônio.
Quero bater asas
Voar rumo aos horizontes,
Mergulhar aos poucos
No universo paralelo de liberdade.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sou metade loucura, e o resto é poeira.

Sei que eu encararia
Grandes situações
Para poder ter-te novamente
Nos sonhos ou na vida.

Enfrentaria os grandes titãs,
Brigaria contra os deuses do Olimpo
E também os do inferno,
Só pra ter-te ao meu lado bem.

Gritaria os mais altos berros,
Falaria de mansinho os mais
[baixos sussuros,
E me calaria no mais quieto dos silêncios;
Se eu pudesse ter esses teus olhos
[do meu lado para sempre.

Agora pisemos no chão.
Olhe para mim,
Sou poeta ciumento e sonhador
Que eu posso querer,
Se não só ter você.

Olhe para mim,
Sou metade silêncio
E metade briga
Sou metade grito
E metade alegria
Sou metade lágria
Metade casa
Metade filme mais pipoca.

Sou eu assim,
Metade dramático
Outra metade pé na vida
Sou um tanto livros e poemas
Outro tanto beijos e abraços.
Sou metade sonho
Outra parte sou verdade
Sou metade amor
Outro pouco ódio
Sou também metade vida
Pouca parte sou a morte.

Sou metade gargalhada
Outra metade estranho esquisito
Sou metade agitado
Outra parte um sono profundo
Sou metade ansioso
Outro tanto calmo e em paz.
Sou um tanto sexo
Outra metade lirismo.
Sou metade teatro
Outras partes novela
Sou metade Quintana
Outro tanto Drummond de Andrade
Sou metade Augusto do Anjos
Outra parte sou Azevedo.

Sou metade preto e branco
E outra parte,
Quando estou com você,
É um inteiro.

É apenas um rio vermelho
Que passa bem rápido
Nos ponteiros do tempo.
Esse é um inteiro vermelho vivo
Que trapaceia as regras do relógio.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

sábado, 3 de outubro de 2009

Dupla raiz insólida, vulgo problema

Tragado sozinho
No universo folhado
Sem teus abraços
Nem teus beijos.

Tragado pelas fumaças
Do universo da raiz...
Há as palavras distantes
Não tem carinho, nem sono...

Trazido pra cá
Nesse universo lírico
Eu apenas canto canções

Tragado e trazido...
A raiz ao céu
Eu tanto adoro, que eu tanto adoro.

Nícholas Mendes. (Puck Todd)

Notas do autor:

Coloquemos uma coisa na nossa cabeça;
Que ainda falta muito para um final.
Afinal ninguém define um final
Sem se empenhar no começo.

O final não é sinônimo de morte,
Não é antítese de início,
Não se compara com a vida
E não significa própriamente um final.

Se por acaso seu começo é fraco
E ainda teme um final,
Simples
Viva sempre no meio;
Pois é ai que você pensa que o livro não tem fim.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

Tudo é mais do que pode parecer:

Tudo é mais do que pode parecer:
Veja as coisas com todos os olhos.