segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

VI-Abraço

Além de tudo
Transformo também, em poesia,
Aquele teu carinhoso abraço.

Não sei o tempo que gastamos
Nos abraçando gentilmente;
Talvez apenas os relógios com ofícios divinos
Tenham marcado aqueles segundos infinitos.

Se isto vos parecer mentira,
Desconfiado leitor,
É que nunca trançastes os braços
No corpo feito de uma humana tão bela.

Se ainda teima em duvidar,
Meu caro leitor curioso,
Ai sim eu te digo
O que aqueles abraços me foram
E me fizeram.

Senti-me como criança mimada
Enquanto durava aquele aperto eterno.
E aquela sua droga de abraço viciou-me.
Por mais que eu me quisesse lúcido.

Deixarei assim,
Nomeado o teu abraço,
Abraço de droga.

Não se desgaste também,
Leitor precoce,
Procurando em vão vícios perdidos,
Tais amores só nos aparecem com o tempo.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

V-mãos

Venho falar, também,
Das tuas mãos.
Mãos, assim, diferentes.

Não se desanime,
Meu caro leitor,
Com a minha tosca definição.
O poema ainda tem sua prorrogação.

Afinal,
Mãos especiais
Não se define com pressa.

Tuas mãos são assim,
Quentes quando querem
E frias quando se abalam.

Tão vividas e experientes,
Junto com a idade avançada.
Mas também indecisas
E, confesso, um tanto perdidas.

Enfim, como transcrever,
Para esse infame poema,
Toda a beleza e paixão
Que essas mãos me passaram?

Se por acaso
Rir dessa minha incerteza,
Hilário leitor,
É porque nunca pegastes
Nas mãos estranhas
Da beleza em pessoa.

Mas definirei,
Da minha melhor maneira,
As tuas mãos.

São mãos assim,
De gente adulta e incerta.
Verdadeiras mãos frágeis,
Espertas e cuidadosas.

Deixe assim,
Mãos de infinidade.
Em honra das várias ambigüidades.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

domingo, 4 de janeiro de 2009

IV-Face

Lembro-me também
Da tua face pálida.
Marcou-me a memória.

Defini-la?
Difícil.
Faltam-me palavras,
Figuras e expressões.

Por isso não dê risadas,
Sarcástico leitor,
Definir em palavras
O que me foi aquela face de anjo
Não é tarefa fácil.

Indefinição dos poetas amadores.
Traga-me uma descrição exata
Daquela face descorada e sorridente.

Ao menos um nome,
Suave e singular,
Que nos traga conforto poético.

Face gélida?
Não, não.
Grosseiro demais
Para a face de uma dama tão bela.

Está bem assim,
Pálida, singular, suave e poética
Face de neve.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

Notas do autor:

Coloquemos uma coisa na nossa cabeça;
Que ainda falta muito para um final.
Afinal ninguém define um final
Sem se empenhar no começo.

O final não é sinônimo de morte,
Não é antítese de início,
Não se compara com a vida
E não significa própriamente um final.

Se por acaso seu começo é fraco
E ainda teme um final,
Simples
Viva sempre no meio;
Pois é ai que você pensa que o livro não tem fim.

Nícholas Mendes (Puck Todd)

Tudo é mais do que pode parecer:

Tudo é mais do que pode parecer:
Veja as coisas com todos os olhos.